Porque está tão difícil combatê-lo?
Como eliminá-lo?
Abaixo as explicações de alguns especialistas no assunto:
"O Estado Islâmico funciona como
uma corporação muito bem administrada, que detém o monopólio do petróleo em uma
área com mais de 12 campos de exploração, só faz negócios em dinheiro e vive de
extorquir seus "clientes".
Ao contrário da Al Qaeda em seu
apogeu, que dependia pesadamente de doações de milionários estrangeiros, o EI é
autossuficiente e tem um "portfólio" de atividades muito variado.
O principal negócio da facção é o
petróleo. O EI detém 60% da produção de petróleo da Síria e controla cerca de
12 campos de exploração em território sírio e iraquiano.
Segundo estimativas de traders,
analistas e do Departamento do Tesouro dos EUA, o petróleo rende cerca de US$ 2
milhões por dia para a facção terrorista."
(PATRÍCIA
CAMPOS MELLO, jornalista)
Os "aliados" tentam reduzir a "exportação" do petróleo, mas não podem destruir as refinarias e os campos.
Refinaria de Baiji, ao norte de Bagdá
"A única coisa que existe
nessa região é o petróleo, e as pessoas precisam disso para viver",
explica o especialista em Síria Joshua Landis, chefe do Centro de Estudos de
Oriente Médio da Universidade de Oklahoma e editor do blog SyrianComment.
Há filas com mais de 5
quilômetros de caminhões tanque, segundo reportagem do "Financial
Times". Esses caminhões compram o petróleo
e vendem para contrabandistas ou direto para refinarias.
Os americanos relutam em
bombardear caminhões, porque os motoristas são civis e pode causar efeitos colaterais.
Em Deir Ezzor, na Síria, caças americanos jogaram folhetos
avisando os caminhoneiros que haveria bombardeio e deveriam deixar
os veículos. Depois, jogaram 24 bombas de 225 quilos, destruindo mais de cem
veículos com petróleo do EI.
Mas não podem bombardear todas as instalações:
"Precisamos levar em conta
que haverá um período pós-guerra, a guerra vai acabar, e nós não queremos
destruir completamente essas instalações, senão não será possível
consertá-las", disse o coronel Steve Warren, porta-voz da
operação americana de combate ao EI.
"O maior desafio é cortar as
fontes de financiamento do EI sem prejudicar a enorme população civil que vive
sob controle da facção", diz Yezid Sayigh, pesquisador sênior do Carnegie
Middle East Center, em Beirute.
Há mais de 10 milhões de pessoas
vivendo em áreas controladas pelo EI :
Regiões dominadas pelos terroristas do IE |
"A maior parte do petróleo
produzido nos campos controlados pelo EI na Síria é vendido para outras partes
do país, inclusive dominadas pela oposição. Então, interromper o fornecimento
afeta serviços essenciais, como hospitais, padarias e transportes, que precisam
de diesel para funcionar."
Vários países impõem sanções contra indivíduos que compram petróleo do
EI, mas a Força Tarefa de Ação Financeira, órgão internacional
que combate financiamento ao terrorismo, admite que é difícil o rastreamento pois os terroristas só vendem a dinheiro.
O EI tem a vantagem de ter negócios diversificados:
"A facção lucra cerca de US$ 12
milhões por mês com "impostos" (eufemismo para extorsão) cobrados nas
cidades que domina, segundo estudo de Charles Lister, da Brookings Institution.
Os caminhões que trafegam no oeste
do Iraque, trazendo alimentos da Síria e da Jordânia, precisam pagar uma
"taxa alfandegária" que era de US$ 300 por veículo em setembro de
2014.
Em Raqqah, a facção cobra US$ 20 a
cada dois meses de comerciantes, em troca de eletricidade, água e segurança." (PATRÍCIA CAMPOS MELLO, jornalista)
(Para nós, brasileiros, uma ninharia, se comparado ao que pagamos).
"Há também o imposto de renda de
pessoa jurídica, retido na fonte: farmácias em Mossul, capital do EI no Iraque,
pagam uma taxa de 10% a 35% do valor dos remédios que vendem.
Na mesma cidade, estudantes de
ensino fundamental pagam ao EI US$ 22 por mês, e universitários, US$ 65.
Os agricultores precisam entregar
parte da colheita de trigo e cevada ao EI a título de "zakat"
(imposto religioso, espécie de dízimo).
Além disso, muitas vezes os
extremistas confiscam máquinas agrícolas e então as alugam para os mesmos
agricultores de quem as confiscaram.
Os cristãos vivendo em cidades
dominadas pelo EI pagam a taxa chamada "jyzia" para evitarem ser
mortos por não serem muçulmanos.
O governo americano acredita que o
EI levantou pelo menos o equivalente a US$ 500 milhões ao se apoderar de
agências de bancos estatais no oeste do Iraque no ano passado.
Nas agências de bancos privados na
região, o EI instalou gerentes e passou a cobrar 5% de todas as retiradas." (PATRÍCIA CAMPOS MELLO, jornalista)
Outra fonte de receita dos bandidos são os sequestros, que
renderam mais de US$ 40 milhões no ano passado.
"As fontes de receita do EI
são profundas e diversificadas. Com exceção de organizações terroristas
bancadas por Estados, o EI é provavelmente a facção terrorista com maior poder
financeiro que nós já enfrentamos", disse em discurso no fim do ano passado
David S. Cohen, subsecretário do Tesouro americano para Inteligência Financeira
e Terrorismo.
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