terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O que é o Perdão? Vale a pena perdoar?

O perdão pressupõe uma transformação moral tanto do agressor como de quem foi agredido. Para haver perdão é preciso, de um lado, arrependimento sincero e, do outro, disposição para apagar os ressentimentos.

Esse é um processo complexo. Como saber, por exemplo, se o remorso demonstrado é verdadeiro ou apenas um gesto dissimulado?

"Para as ofensas, a maior arma é o esquecimento. É no esquecimento que se igualam vingança e perdão". - Jorge Luis Borges, escritor argentino
Jorge Luis Borges

"Assumir um erro, repudiá-lo e demonstrar arrependimento, pelo agressor, e ser capaz de afastar a sensação de injustiça causada por uma ofensa, pelo outro - eis a equação de uma das atitudes morais mais nobres e emocionalmente complexas já criadas pela civilização ocidental". - Ana Cláudia Fonseca, jornalista

No livro Before Forgiveness - The Origins of a Moral Idea (Antes do Perdão - As Origens de uma Ideia Moral), o filósofo David Konstan, diz que a fórmula acima não existia nem na Antiguidade clássica nem no início do cristianismo.
David Konstan

Os gregos e os romanos não assumiam a culpa por seus erros, sempre atribuído ao capricho dos deuses.

A filosofia Budista, com mais de 2.400 anos, repudia os conceitos de pecado e culpa. A raiva e o ressentimento são ilusões, que devem ser dissipadas através da meditação.

No segundo livro de Retórica, uma extensa análise das emoções humanas, o filósofo Aristóteles avalia a raiva e o seu oposto, o apaziguamento. O pensador sugere várias maneiras de apaziguar uma pessoa irada. Uma delas é mostrando arrependimento: "As pessoas sentem-se mais dispostas diante de quem não as enfrenta". Em nenhum momento, no entanto, ele sugere a necessidade de uma mudança de atitude do agressor.

O sentido atual do perdão surgiu da revolução do pensamento ético liderada pelo filósofo alemão Immanuel Kant. 
Immanuel Kant

Ele insistia na autonomia moral do homem em relação às crenças. Isso criou a condição para um entendimento secular de perdão entre as pessoas, no qual o remorso e a mudança interior do agressor deveriam ser julgados não por Deus, mas pela pessoa ofendida, que faria o esforço quase sobre-humano de ver o outro como alguém merecedor do perdão.

O filósofo americano Charles Griswold estabelece três passos básicos para obter perdão.
Charles Griswold

Primeiro, deve-se assumir a responsabilidade pelo erro.
Segundo, é preciso repudiar claramente esse erro, mostrando que não se pretende repeti-lo.
Terceiro, deve-se exprimir o arrependimento pela dor causada ao próximo.

Reconhecer os erros! Essa é a chave para ofendidos e ofensores afastarem as angústias causadas pelos problemas do passado.

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