domingo, 8 de maio de 2016

O comunismo no Brasil

Nos anos 30 muitos búlgaros vieram para o Brasil. Entre eles, muitos comunistas. Um deles, Pétar Rousseff, ficou famoso pela trajetória da filha. É possível que fosse apenas um imigrante comunista, mas também pode ter sido um entre tantos infiltrados da KGB entre os imigrantes.

Pétar Rousseff

O fato é que, em 1964, quando os militares impediram o golpe comunista (seria o segundo, o primeiro foi tentado em 1935, liderado pelo Partido Comunista Brasileiro), o comunismo já dominava parte significativa da política nacional.

Sobre Pétar, sabe-se que, ao contrário da maioria dos imigrantes que enfrentavam dificuldades de adaptação, principalmente em relação ao idioma, prosperou rapidamente em São Paulo. Pode ter tido sorte, pode ter tido ajuda. De quem?

Segundo o prof. Olavo de Carvalho, o avanço do comunismo no Brasil tem origem na escola de Frankfurt e, mais especificamente, nas ideias de um comunista húngaro que alterou radicalmente o pensamento e os métodos da expansão comunista no mundo.

Georg Lukács

Georg Lukács, cujas ideias foram rechaçadas em Moscou, foi enviado para Frankfurt, onde encontrou os meios para difundi-las.

Ele defendia a tomada das universidades e da cultura, principalmente no mundo artístico, pelo pensamento comunista. Foi essa ideia que abriu caminho para a aplicação dos métodos de Antonio Gramsci.

Além de escritor, ele foi, na Hungria, onde nasceu, Comissário do Povo para a Educação e Cultura. Ele advogou uma ditadura democrática do proletariado e camponeses como um estágio de transição até a ditadura do proletariado.

Durante o período da República Soviética da Hungria, Lukács trabalhou como comissário na Quinta Divisão do Exército Vermelho Húngaro.

Ele criticou duramente os filósofos e escritores não comunistas. Considerava o pensamento não comunista como intelectualmente deficiente.

Lukács foi acusado de jogar um jogo "administrativo" de remoção dos intelectuais independentes e não comunistas como Béla Hamvas, István Bibó e Lajos Prohászka, Károly Kerényi da vida acadêmica húngara. Intelectuais não comunistas, como Bibó, foram frequentemente presos, forçados a entrar em manicômios e admitidos em trabalhos de menor envergadura intelectual (como trabalhos de traduções) ou ainda forçados a trabalhos manuais durante o período de 1946–1953

A Escola de Frankfurt

Assim como os Fabianos (Inglaterra), a escola de Frankfurt foi concebida em Moscou.

Sua missão foi adaptar o pensamento comunista às condições locais nos diferentes países onde seria implantado. Para isso, reuniram o que havia de melhor no mundo, de simpatizantes (ou seguidores, para usar um termo mais atual) de Hegel, Marx, Kant, Freud, Weber e Lukács.

As principais figuras da escola foram solicitadas a aprender e sintetizar os trabalhos dos pensadores acima.

O termo "Escola de Frankfurt" surgiu informalmente para descrever os pensadores afiliados ou meramente associados com o Instituto para Pesquisa Social  (Institut für Sozialforschung) fundado por Felix Weil em 3 de fevereiro de 1923 com o suporte de professores universitários e apoio financeiro do pai.

Instituto para Pesquisa Social

Weil era um jovem marxista que tinha escrito a sua dissertação sobre problemas práticos de se implementar o socialismo e ela foi publicada por Karl Korsch

Apesar de Georg Lukács e Karl Korsch terem participado da fundação, ambos eram muito comprometidos com atividade política e também membros do Partido para que pudessem juntar-se ao instituto, mesmo que Korsch tenha participado de empreendimentos de publicações por alguns anos.

Como a influência crescente do nacional socialismo (nazismo) tornou-se cada vez mais ameaçadora, os fundadores do Instituto prepararam-se para movê-lo para outro país. 

Seguindo a ascensão de Hitler ao poder, em 1933, o Instituto deixou a Alemanha para Genebra antes de se mudar para Nova Iorque, em 1935, onde tornou-se afiliado da Universidade Columbia. O seu jornal Zeitschrift für Sozialforschung foi renomeado de acordo com o local como Studies in Philosophy and Social Science (Estudos em Filosofia e Ciência Social, em tradução livre). Foi neste momento que muitos de seus importantes trabalhos começaram a emergir, ganhando uma recepção favorável na academia inglesa e estadunidense. 

Horkheimer, Adorno e Pollock voltaram à Alemanha Ocidental no início dos anos 1950, apesar de Marcuse, Lowenthal, Kirchheimer e outros terem escolhido permanecer nos Estados Unidos. Foi apenas em 1953 que o Instituto foi formalmente restabelecido em Frankfurt.

No Brasil os comunistas sofreram um revés muito forte em 1935. Apesar de contar com o apoio irrestrito da Internacional Comunista (russa, central em Moscou, Stalinista) sob orientação do partido comunista Soviético, foram esmagados pela ação rápida dos militares sob o governo Vargas.

Em 1936 estavam dispersos e, aparentemente, acabados. Mas em 1945, reorganizados, legalizados, participaram das eleições. O partido comunista obteve 10% dos votos, elegendo um senador (Luiz Carlos Prestes) e 17 deputados CONSTITUINTES, entre estes o escritor Jorge Amado, além de centenas de vereadores no Distrito Federal (Rio).

Jorge Amado
 
Luiz Carlos Prestes



Muitas das leis esquerdistas que ainda vigoram tem a mão dos comunistas dessa eleição.
Em setembro de 1960 o PCB decide pelo abandono do IV programa e pela aprovação imediata de outro, adequando-se as novas orientações de Moscou.

Estas orientações nada mais eram que uma adequação às diretrizes nascidas do pensamento gerado pela escola de Franfurt: abandonar projetos imediatistas e apostar na ocupação de espaços à longo prazo (universidades, mídia, igreja, cultura em geral). Em 1962 ocorrem dissidências. 

Muitos, não concordando com os novos rumos, dispersam-se, criando grupos de militância à antiga em todo o país.  PC do B, que posteriormente empreenderia a guerrilha do Araguaia, a ALN em São Paulo, no Rio Grande do Sul, o grupo Dissidência Leninista seria a origem do Partido Operário Comunista (POC), que, posteriormente, juntar-se-ia à POLOP, o MR8 em Niterói, cujo nome lembrava a data da morte de Che Guevara.

Além destes, dezenas de outros de menor expressão, que deram muito trabalho aos militares. A abrangência comunista era muito maior do que se pensava.

Em 1990 José Sarney extingue o SNI e, a partir daí, os comunistas tem campo livre pela frente. Ao ponto de, neste mesmo ano, em São Paulo, reunirem-se comunistas de vários países, criarem o Foro de São Paulo e permanecerem 16 anos camuflados, com o apoio da mídia. Mesmo após denúncias, pouco se sabe dessa organização. Nas redações, apinhadas de comunistas, ninguém toca neste assunto. Foi somente através da Internet que os brasileiros conseguiram informações sobre esta e outras atividades clandestinas da malta comunista.

“O comunismo tem, sempre, dois andares: um legal, atuando como partido, dentro da lei; outro, clandestino, onde as principais decisões são tomadas, mesmo quando o partido está no poder.”  (Olavo de Carvalho)

“A erradicação do comunismo no Brasil não é para nossa geração: isto vai levar décadas.” (Olavo de Carvalho)

Eles levaram décadas para dominar as universidades, a igreja, a mídia e o meio artístico. O que se vê são resistências isoladas em diferentes setores. A Intervenção Militar de 1964 não acabou com eles e, nenhuma eleição ou mesmo outra intervenção o fará. É necessário retomar os espaços perdidos no ensino e na mídia, principalmente. Criar uma consciência anti-comunista na sociedade.


A luta está apenas começando.

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